É reconhecida como a primeira religião monoteísta da humanidade e cronologicamente a primeira das três religiões oriundas de Abrãao, junto com o cristianismo e o islamismo.
O judaísmo acredita em um Deus único, onipotente e onisciente, que criou o mundo e os homens. Esse Deus fez um pacto com os hebreus, tornando-os o seu povo escolhido, e prometeu-lhes uma terra chamada Canaã.
O judaísmo possui fortes características étnicas, nas quais nação e religião se mesclam.
História dos judeus: Segundo a Bíblia, Abraão recebe uma revelação de Deus, abandona o politeísmo e muda-se para Canaã, atual Palestina, em torno de 1800 a.C. De Abraão descendem Isaque e o filho deste Jacó. Jacó um dia luta com um anjo de Deus e tem seu nome mudado para Israel. Seus doze filhos dão origem às doze tribos do povo que, naquela época, era chamado de hebreu. Em 1700 a.C., os hebreus vão para o Egito, onde são escravizados por 400 anos. Libertam-se por volta de 1300 a.C., liderados por Moisés, descendente de Abraão, que recebe as tábuas com os Dez Mandamentos no monte Sinai. Por decisão de Deus, peregrinam no deserto por 40 anos, aguardando a indicação da terra prometida, Canaã.
Muitos anos depois de estabelecidos na terra prometida (“Terra Santa”), o rei Davi transforma Jerusalém em centro religioso e seu filho, Salomão, constrói um templo em seu reinado. Depois de Salomão, as tribos dividem-se em dois Reinos, o de Israel, na Samaria, e o de Judá, com capital em Jerusalém. Com a cisão, surge a crença na vinda de um messias (o enviado de Deus para restaurar a unidade do povo judeu e a soberania divina sobre o mundo), que persiste até hoje. O Reino de Israel é devastado em 721 a.C. pelos assírios. Em 586 a.C., o imperador babilônico Nabucodonosor II invade o Reino de Judá, destrói o Templo de Jerusalém e deporta a maioria dos habitantes para a Babilônia, iniciando a diáspora judaica.
O povo judaico e a sua lei
O fato de que, no Judaísmo, a revelação divina sobre a imagem da pessoa humana e a relação desta ao criador, à criação deste e à co-pessoa humana estão sendo regulamentadas em prescrições legais, tem um grande, mas não único valor. “Mas, por causa disso, querer carimbar o Judaísmo de religião de lei, significa desconhecer a sua essência. É que é, nunca o feito, mas sim a mentalidade em que está sendo posto todo o peso. Só o coração sincero é que vale perante o D’us santo” (Kaufmann Kohler: Fundamento duma teologia sistemática do Judaísmo, p.2).
O Judaísmo foi muitas vezes definido, e com certa razão, como ‘religião da ação’.
Rábi Chanina disse: “Para cada um, cujos feitos forem mais abundantes que a sua sabedoria, a sabedoria dele fica permanecendo; e para cada um, cuja sabedoria for mais abundante que os seus feitos, a sabedoria dele não ficará permanecendo” (dicas dos pais, alínea 3:12).
No centro duma vida judaica cumprida está o feito religioso como realização de ordens (mitsvôt) divinas.
Mitsváh = ordem, mandamento, plural: mitsvôt, de tsavah = ordenar, mandar.
Embora lei (mitsvóh) e costume (minhóg) joguem papel importante, especialmente na tradição (maçôret), não se pode manter que a religião judaica seria somente religião de lei, como isso foi fixado no entendimento cristão.
Maçoróh = transmissão, designação para a transmissão tanto da Toráh invariada e o aprender da história, como também a tradição do modo de escrever e ler da formação bíblica, tradicional do texto bíblico pelos “maçoretas”.
Pela engrenagem de doutrina, lei e costume estão criando uma continuidade, pela qual a religião judaica, apesar de todas as perseguições e ataques, entre outros da Cristandade, foi transmitida inalterada à geração hodierna (Dor = geração, dor vador = de geração a geração).
Parte coração do Judaísmo são tradição e memória ativa: a transmissão do pai ao filho da Toráh tanto escrita como oral, de geração a geração, numa cadeia ininterrupta, como esta se expressa na frase introdutória à dicas dos pais (pirqê abôt, do tratado “neçikin” (parte da “mishnáh”, coleção de lema dos rabinos):
“Moshe [Moisés] recebeu a Toráh no Sinai e a transmitiu a Josua. Josua aos anciãos, os anciãos aos profetas e os profetas a transmitiam aos homens da grande sinagoga.”
Êxodo 31,18: “Depois de que o Senhor tinha dito tudo na monte Sinai a Moisés, entregou-lhe as duas tábuas do documento da aliança, tábuas de pedra, nas quais o dedo de D’us tinha escrito” (Êxodo 31,18).
Pois se diz que Moisés conhecia e transmitiu ao povo de Israel, não somente os dez mandamentos, mas sim a Toráh inteira, tanto a escrita como a oral.
Os “Dez Mandamentos”, em grego “Decálogo”, em hebraico “`aséret hadeborim” [as dez palavras], Dt 4,13.
A Toráh (instrução) escrita (toróh shebiktób) é a Bíblia Hebraica, chamada em hebraico de TaNaK. Esa é abreviação para Toròh, Nebiím [Profetas] e Ketubím [Escritos o Hagiógrafos]. Segundo a tradição, Moisés recebeu no monte Sinai também Toróh Shebe`al-péh, a Toráh oral. O resultado final dessa tradição oral era uma coleção de textos ordenada pelo Rábi Yehuda Há-Nasi no século 2 EC - a “Mishnáh”, palavra essa que significa “repetição” e “ensino”.
No Êxodo Rabba (Midrash: Shemôt rabba 47:1) está que Moisés foi instruído, não só na Toráh escrita, mas também no Talmud (a Toráh oral). A Toráh inteira, que foi dada só a Moisés e à geração deste, Moisés transmitiu a todo o Israel.
Para o povo judaico, a Toráh, tanto a escrita quanto a oral, era e é escola de ensino de sabedoria e virtude, a fonte da qual, através pelos séculos de sofrimentos e repressão, embora não exclusivamente, mas principalmente, tirou o seu refresco espiritual, o escudo, o qual defendia com a sua vida. Trata de todos os assuntos possíveis, como filosofia, ética, pedagogia, doutrina de fé e superstição. Para a ortodoxia, a Toráh está ainda a autoridade mais alta.a 2000 anos que existe
Para os judeus liberais, a Toráh é fonte de inspiração, tanto na literatura como também na psicologia. Em comum, porém, vêem a tradição da Toráh no Judaísmo como tarefa.
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